11 Grandes Marcas do Futebol Português
O futebol está fortemente ligado à cultura popular e na atualidade podemos ver personagens do futebol no seu imaginário e no dia a dia dos portugueses. Além disso, o futebol, como vamos ver, fez crescer o sentimento de nacionalismo e patriotismo em cada competição que joga a Seleção e, sobretudo, no Euro 2004 que organizou o país luso. O onze, o número escolhido, não precisa de muita explicação, mas tem um forte simbolismo, devido a que são onze os jogadores que compõem as alienações titulares das equipas. O jornal O Jogo, um dos três grandes jornais de Portugal, lançou uma coleção chamada Onze +, onde aparece uma seleção de onze jogadores, e seguimos o mesmo modelo, a escolher onze grandes marcas do futebol português, ordenadas em ordem cronológica, que são as seguintes:
1. A primeira vitória da Seleção
A Seleção portuguesa de futebol fez a sua estreia em 1921, precisamente contra o país vizinho, Espanha. Desde o começo, a Seleção das Quinas estava ligada à polemica, pois já começaram os primeiros indícios de uma grande rivalidade Lisboa-Porto, que duraria até o Mundial de México de 1986. Neste primeiro jogo da Seleção, apenas havia jogadores da Seleção de Lisboa, exceto um, Artur Augusto, da Seleção do Porto, embora curiosamente, tivesse nascido em Lisboa.
Este primeiro jogo da seleção das quinas teve lugar na capital espanhola, no estádio do Athletic de Madrid (que ficava na atual rua de Menéndez Pelayo). Nomes como Cândido de Oliveira, do qual falaremos no seguinte ponto, faziam parte desta primeira convocatória da Seleção Portuguesa. O resultado deste primeiro jogo das quinas foi 3-1 favorável a Espanha, sendo portanto negativo o primeiro resultado da Seleção Portuguesa.

E não foi até o quinto jogo onde a Seleção Portuguesa conseguiu a primeira vitória da sua história, contra a Seleção Italiana por 1-0, com golo de João Francisco Mata, do Sporting Clube de Portugal. Antes deste jogo, Portugal tinha competido em quatro jogos particulares contra o país vizinho, Espanha, com derrota em cada um destes jogos. Foi em 1925 no Estádio do Lumiar, em Lisboa conseguiu esta primeira vitória, perante mais de 16.000 espetadores. Além disso, também foi a primeira vez que a imprensa portuguesa destacou especialmente um jogo da Seleção, com uma ampla cobertura, analisando a cada um destes onze jogadores individualmente, algo muito comum na atualidade, mas inédito nesse momento.
O treinador da seleção que ganhou o primeiro jogo da sua história, Ribeiro dos Reis, militar de profissão, levou aos jogadores escolhidos a um estágio, onde realizou um intenso programa de treinos tal e como se fazia no exército. Ao parecer, estas rigorosas dietas alimentícias e estes exaustivos exercícios físicos deram resultado e a Seleção finalmente venceu.
Sabia que...
...o golo conseguido por Portugal no primeiro jogo da sua história foi marcado por Alberto Augusto, irmão do único jogador que não pertencia a Lisboa, Artur Augusto. Este foi o primeiro golo anotado pela Seleção Portuguesa, precisamente ao guarda-redes espanhol Ricardo Zamora, quem atualmente dá nome ao troféu do guarda-redes menos goleado da liga espanhola.
2. Cândido de Oliveira
Alentejano nascido a 24 de setembro de 1896 na Fronteira. Foi jogador e treinador de futebol, jornalista, escritor e político; teve uma grande importância não só na história do futebol português, ms também na história do país. Era estudante da Casa Pia, onde começou a jogar ao futebol e passou em 1914 para o Sport de Lisboa e Benfica, com o que foi campeão por três vezes. Em 1920 decide criar o Casa Pia Atlético Clube a conseguir o título no primeiro ano da história do clube. Além disso, foi o primeiro capitão da Seleção no jogo de Madrid (1921), do qual falamos no ponto anterior.
Como técnico, foi treinador do Sporting dos “Cinco Violinos”, dos quais falaremos no seguinte parágrafo. Neste período de quatro anos (1945-1949) conseguiu seis títulos para o Sporting Clube de Portugal. Além disso, foi selecionador português durante quatro períodos, um deles em 1928 onde treinou a Seleção que viajou para os Jogos Olímpicos, primeiro grande feito da seleção das quinas. Terminou a sua carreira como treinador no Académica de Coimbra, cidade da qual gostava pela vida tranquila e pelas inúmeras conversas e tertúlias desta cidade universitária, como assinala Homero Serpa no seu artigo “Cândido” da revista Manifesto, grande especialista em Cândido de Oliveira.


Colaborou com o Special Operations Executive, democrata e opositor aos regimes fascistas da época. A polícia política prendou-o no dia 1 de março de 1942 por preparar uma formação de resistência à eventual invasão nazi a Portugal. Cândido de Oliveira nunca negou esta intenção de integrar a resistência aos alemães e foi desterrado para o campo de concentração de Tarrafal, ao qual ele designou como “Pântano da Morte”. Foi libertado 18 meses depois, em 1944, quando a derrota da Alemanha era iminente. Estes meses em prisão não destruíram o seu pensamento de defesa da democracia e anos mais tarde aceitou uma missão específica de transmissões dum movimento militar.
Além disso, foi o criador do jornal “A Bola” junto com António Ribeiro dos Reis em 1945. O jornalismo, além do futebol, foi a sua grande paixão. Escreveu artigos que atingiam a instituições governamentais como a censura, que sempre esteve atenta a produção deste jornalista. Cândido de Oliveira conseguiu criar um jornal onde desporto e cultura iam da mão, e muitas foram as colaborações de poetas e escritores neste jornal. Precisamente morreu em Estocolmo em 1958 quando estava a cobrir para “A Bola” o Campeonato do Mundo de Futebol.
Devido à grande importância de Cândido de Oliveira para o futebol português, a Federação Portuguesa de Futebol decidiu nomear à Supertaça de Portugal com o seu nome. Sem dúvida, foi uma figura marcante nos inicios do futebol português e da Seleção portuguesa.
3. Os Cinco Violinos
O melhor quinteto de jogadores do futebol português e um dos melhores da história do futebol mundial. Estava composto por Fernando Peyroteo, José Travassos, Albano, Jesus Correia e Vasques, jogadores que militavam no Sporting Clube de Portugal entre os anos 1946 e 1949, equipa treinada por Cândido de Oliveira, e que foram internacionais com a Seleção Portuguesa. Este termo de “Cinco Violinos” foi imposto pelo jornalista e mais tarde treinador Tavares da Silva. Neste período de três épocas, o clube leonino sagrou-se sempre campeão, em grande parte graças à centena de golos anotados por este quinteto ofensivo. Contudo, por desgraça para os portugueses, não tiveram o mesmo sucesso com a camisola das quinas, com a qual não deslumbraram tanto como em Alvalade.

Os Cinco Violinos eram:
Fernando Peyroteo nasceu em Humpata (1918), Angola, colónia portuguesa na África Ocidental, onde começou a jogar no Sporting Clube de Luanda. Estreou-se como leão em 1937, precisamente contra o rival da capital portuguesa, o Sport de Lisboa e Benfica, onde marcou dois golos. Ao longo da sua carreira desportiva marcou 531 golos, dos quais 331 foram no campeonato português, anotando 22 mais do que Eusébio, do qual falaremos no seguinte ponto. Entre outros muitos recordes, é o jogador com melhor média de golos marcados pela Seleção Portuguesa, a fazer 14 golos em 20 internacionalizações, com uma média de 0,7 golos por jogo. Este avançado goleador, foi o jogador mais importante deste famoso quinteto e passou a história como um dos jogadores mais importantes do Sporting Clube de Portugal.
José Travassos nasceu em Lisboa em 1926 e era o interior-direito do Sporting dos “cinco violinos”. Foi o primeiro português em jogar na Seleção da Europa, e por este motivo passou a ser conhecido por “Zé da Europa”. Também é conhecido por um facto que nada tem a ver com a sua qualidade como futebolista, e é pelo seu penteado, pois jogava sempre cheio de brilhantina.
Nascido no Seixal em 1922, Albano Narciso Pereira foi um jogador português, membro dos “cinco violinos” que jogou no Sporting Clube de Portugal durante 14 anos. Além disso, foi internacional com Portugal 13 vezes, a marcar 3 golos. Jogava na posição de extremo esquerdo, sendo um jogador muito rápido e habilidoso que apaixonou aos adeptos leoninos pelos seus dribles.
António Jesus Correia nasceu em Paço de Arcos em 1924 e foi o extremo direito dos “cinco violinos”. Marcou mais de 250 golos pelo Sporting Clube de Portugal, mas também assistiu a Peyroteo inúmeras vezes, ajudando ao seu colega no grande numero de golos anotados. Foi o último violino ainda com vida, morrendo em 2003.
Manuel Vasques, nascido no Barreiro em 1926, foi o jogador mais técnico e artístico dos “cinco violinos”. Daí a alcunha de “Malhoa”, dada por Tavares da Silva, já mencionado, devido a que a forma de jogar de Vasques fazia lembrar as pinturas de José Malhoa. Vasques marcou 221 golos com o leão ao peito, a jogar de médio ofensivo.


Sabia que...
...Albano Narciso Pereira era conhecido pela sua escassa estatura e, durante um jogo ao serviço da Seleção, chegou a passar por baixo das pernas do escocês Young.
...António Jesus Correia praticou dois desportos em simultâneo, pois além de jogar ao futebol, jogava ao hóquei em patins ao mais alto nível. Com 28 anos, foi obrigado a escolher entre os dois desportos, escolhendo o hóquei, onde foi oito vezes campeão nacional e obteve seis títulos mundiais.
...no filme de 1947 “O leão da Estrela”, podemos ver a estes cinco jogadores com imagens reais filmadas num FC Porto vs Sporting CP da época.
4. Eusébio
Eusébio da Silva Ferreira foi a maior figura do Benfica e, provavelmente, do futebol português. De pai angolano, nasceu em Lourenço Marques, hoje Maputo, em 1942, momento em que Moçambique era uma colónia portuguesa e ainda se encontrava longe de se tornar um país independente. Nestas colónias, a falta de liberdade e oportunidades era evidente, sobretudo para quem nascia negro, mas Eusébio gostava de jogar futebol e foi isso o que conseguiu.
Começou a jogar no Sporting de Lourenço Marques, filial moçambicana do Sporting Clube de Portugal. Com apenas 18 anos, Eusébio chegou ao Benfica e foi decisivo para que em 1962 ganhasse a Taça dos Campeões Europeus, marcando dois golos ao Real Madrid. Eusébio começou a ser alvo do interesse dos grandes clubes europeus, mas o governo de Salazar tinha medo de perder a grande vedeta do futebol português e mandou-o para a tropa, de modo que não podia sair para o estrangeiro. Em 745 jogos oficiais, o Pantera Negra marcou 733 golos, e recebeu duas Botas de Ouro, 7 Bolas de Prata e uma Bola de Ouro (1966).
O seu grande momento com a Seleção foi o Mundial de 66 em Inglaterra, anotando nove golos e sendo o melhor marcador da competição. Além disso, a Seleção conseguiu o terceiro lugar, o melhor registo de sempre. Esta equipa treinada pelo brasileiro Otto Glória ficou na história e era conhecida pelos “Magriços”.
Apuraram-se a quartos de final depois de ganharem todos os seus jogos da primeira fase, incluído o último jogo desta fase contra a Brasil de Pelé. Nos quartos, num jogo histórico, conseguiram uma reviravolta impossível (Coreia do Norte ganhava 0-3), a ganhar finalmente 5-3. Conseguiram chegar até as meias-finais do Campeonato do Mundo, onde foram eliminados pela ex-União Soviética e conseguindo um terceiro lugar histórico. Eusébio saiu a chorar do relvado quando foram eliminados, ficando na história esta imagem.

Foi um exemplo como jogador e como pessoa, já que sempre recebia uma grande quantidade de faltas, muitas delas muito feias, e nunca reagiu mal a um contrário. Pelos seus números e o seu grande futebol com o Sport de Lisboa e Benfica e com a Seleção Portuguesa, ficou na história como símbolo do benfiquismo e como símbolo nacional português. A figura de Eusébio foi muito marcante na história do futebol português e na história da nação e muitos são os factos que o demostram.


O Pantera Negra morreu a 5 de Janeiro de 2014 e Portugal paralisou-se, com homenagens por todo o país. Os mais importantes foram no Estádio da Luz, estádio do Sport de Lisboa e Benfica: o primeiro no seu funeral com milhares de pessoas a cantarem o hino nacional e cânticos sobre Eusébio e o segundo minutos antes do jogo mais importante de todo o país, o “Clássico” que enfrenta a SL Benfica e FC Porto.
Sabia que...
...a Seleção de 66 foi eleita como a melhor Seleção Portuguesa de todos os tempos, com motivo do primeiro centenário da Federação Portuguesa de Futebol. Estes dados foram divulgados na Gala Quinas de Ouro de 2015, após uma votação onde Eusébio aparecia como avançado mais votado.


Atualmente, a figura de Eusébio é considerada como um ícone da nação. Há livros que contam a sua grande história, livros para crianças (O Rei da Bola) e muitas outras coisas que fazem de Eusébio o “Rei de Portugal”. Como disse Ana Santos no já mencionado artigo “Eusébio, o processo de construção de um ícone da nação”:
Os heróis desportivos nacionais, não obstante pertencerem a um campo de grandeza definido e reconhecido publicamente, fazem parte do efémero, sobrevivem com dificuldade à voragem do tempo e, por isso mesmo, desvanecem logo que outros os superam num processo de constante renovação. Como se pode entender, então, a duração, de mais de quatro décadas, de Eusébio da Silva Ferreira? São as tentativas de resposta a esta questão que elucidam como um herói do desporto se pode tornar num ícone da nação.

5. Paulo Futre
Nasceu em Montijo em 1966 e, como podemos comprovar em vários dos seus livros autobiográficos, é considerado um dos melhores jogadores da história do futebol português e mundial. Internacional desde os 17 anos, campeão de Europa com o FC Porto, campeão da Copa del Rey com o Atlético de Madrid, Bola de Prata... A sua qualidade como jogador é inegável, como também que a sua carreira está carregada de polémicas. Curta carreira, já que pendurou as botas com apenas 32 anos, após várias operações no seu joelho direito. Negar-se a ser cambiado num jogo, negar-se a jogar se não era com o 10 nas costas e apontar com um arma a um jogador são alguns dos factos mais chamativos deste grande (e polémico) jogador.
A sua carreira já começou de maneira polémica, pois jogou um torneio organizado pelo Sporting com uma ficha falsa por não ter idade suficiente para se inscrever. A sua equipa chegou à final e chamou a atenção do Sporting Clube de Portugal, que contrata a Futre com apenas 11 anos. Aos 15, assina o seu primeiro contrato profissional, e com 17 estreia-se com a equipa principal, realizando uma grande época que o leva à Seleção nacional.

Em 1984 muda o Sporting pelo FC Porto, onde se sagra como um dos melhores futebolistas do momento, a ganhar muitos títulos e conquistando a Taça dos Campeões. Este facto marcante da história do futebol português teve lugar em 1987, em Viena, onde o FC Porto ganha na final ao Bayern de Munich por 2-1, com o famoso golo de calcanhar de Madjer, que ficou na história da Taça dos Campeões e do futebol mundial. Foi então quando Futre, com 21 anos, torna-se alvo dos grandes clubes europeus.
Jesús Gil, candidato à presidência do Atlético de Madrid, ofereceu uma grande quantidade de dinheiro para conseguir a Futre, e finalmente Futre tornou-se jogador do clube “colchonero”. Esta transferência foi a segunda mais cara da história nessa altura, depois da de Maradona ao Barcelona por mais de 4 milhões de euros.
Depois de grandes anos no clube espanhol, vagou por clubes europeus sem muito sucesso, devido às lesões e a constante demanda de ter de ir a cumprir o serviço militar. Olympique de Marsella, Reggiana, Milan e Benfica foram estes clubes, pelo qual finalmente jogou nos três grandes clubes portugueses.
Depois de várias operações no seu joelho direito, Paulo Futre não voltou a ser o jogador que brilhou no Porto e no Atlético de Madrid. Com 29 anos, vai para a Premier League, ao West Ham, onde jogou grandes jogos no futebol inglês, embora o seu nível baixasse consideravelmente. Com 30 pendura as botas, sendo embaixador do Atlético de Madrid, mas volta a jogar por petição do treinador Radomir Antic. Com 32 anos, vai para Japão para acabar a sua carreira no Yokohama Flugels.



Sabia que...
...Pinto da Costa, presidente do FC Porto (vid. ponto seguinte), e Paulo Futre pediram à vontade a este grande empresário. Futre pediu a Gil um Porsche e, por se as eleições corriam mal e Jesús Gil não ganhava, Futre não queria esperar. O candidato acetou (o Futre então pensou: “Porque é que não pedi um Ferrari?!” e acompanhou aos portugueses ao concessionário, onde só havia disponível um Porsche amarelo para entrega imediata. “Aconteça o que acontecer nas eleições, já ninguém me tira o carro”, pensou Futre. E este carro tornou-se o mais conhecido de toda a Península Ibérica durante esses anos.
...Futre, como todos os portugueses, tinham de ir à tropa e fazer o serviço militar. O então Presidente da República Portuguesa, Mário Soares, deu a Futre o estatuto de alta competição de elite, sendo o primeiro português em tê-lo, o que permitia a Futre atrasar o seu serviço militar 8 anos. Mais tarde, por problemas físicos, Paulo Futre librou-se finalmente de ir à tropa.
...o seu contrato com o West Ham inglês tinha uma cláusula que dizia que tinha de jogar com o dorsal 10 nas costas. O seu primeiro jogo em Inglaterra era contra o Arsenal, no antigo Highbury, e viu que no balneário a sua camisola tinha o dorsal 16. Futre negou-se a jogar, e não se estreou com o clube inglês até que não teve o seu dorsal.
É impossível negar a sua qualidade como jogador, embora fumasse desde muito novo e apesar das suas graves lesões. É um dos melhores jogadores de todos os tempos, aliás dum dos mais polêmicos. Atualmente é uma grande personagem pública, sendo ícone da conhecida marca portuguesa Licor Beirão, participar na série da MEO “Fora da Box” junto aos Gato Fedorento e inclusive sendo imagem duma marca de libidium. Além disso, são vários os livros os que falam da vida desta grande personagem, como Paulo Futre, El Português Parte I e Parte II, de Luís Aguilar, e um livro para crianças, Futrinho, a lenda, onde ele próprio conta a sua vida com desenhos de Rute Bastardo para os mais pequenos.

6. Pinto da Costa
Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa nasceu no Porto a 28 de dezembro de 1937. Para muitos é considerado o melhor presidente português da história e os seus números como presidente do Futebol Clube do Porto assim o demonstram. Pinto da Costa vence as eleições à presidência do Futebol Clube do Porto o 17 de abril de 1982 tornando-se o 33º presidente da história do clube. Na atualidade, ainda se mantem no cargo, com mais de 30 anos como presidente do Porto.
De longe, Pinto da Costa é o presidente que ganhou mais títulos à frente dum clube de futebol na história do futebol mundial. Entre outros títulos, o presidente do Futebol Clube do Porto tem ganho: 20 Campeonatos Nacionais, 12 Taças de Portugal, 19 Supertaças de Portugal, 2 Taças dos Campeões Europeus, 2 Taças de UEFA, 2 Taças Intercontinentais e 1 Supertaça Europeia. Em total, a lista de troféus de Pinto da Costa supera os 80 títulos. Além disso, Pinto da Costa tem o recorde de campeonatos nacionais conquistados (20), superando em 2010 a Santiago Bernabéu, que conquistou 17 campeonatos com o Real Madrid.

Mas Pinto da Costa não é só conhecido pelos seus títulos, também por ser um grande negociador, fazendo ganhar ao Futebol Clube do Porto muito dinheiro com a transferência de jogadores. Pinto da Costa é famoso por descobrir jogadores, valorizá-los e vende-los por uma quantidade muitíssimo maior do que foram comprados. No verão de 2014, eram 768 milhões de euros o que o clube portista arrecadou em trasferências, mas temos de acrescentar os mais de 30 milhões de euros que pagará o Real Madrid pela transferência de Danilo, lateral direito brasileiro do Porto. Como exemplo destas grandes transferências podemos nomear a James Rodríguez (50M pagou o Mónaco em 2013), Hulk (60M em 2012 pagou o Zenit russo) e Falcão (em 2011 o Atlético de Madrid pagou 51M).

Com estes números, sem dúvida, podemos afirmar que se trata do melhor presidente português da história do futebol e um dos melhores a nível mundial. Embora o número de títulos futebolísticos do presidente não vaia subir este ano, podemos afirmar com certeza que o dinheiro arrecadado pelas transferências aumentará, quanto menos pela já mencionada transferência de Danilo ao Real Madrid.
Sabia que...
... Pinto da Costa foi incriminado no caso “Apito Dourado”, escândalo de corrupção do futebol português. Em dezembro de 2006, a sua antiga companheira, Carolina Salgado, lançou o livro Eu, Carolina, onde acusa a Pinto da Costa. Este livro deu origem a um filme chamado “Corrupção”, onde podemos ver como se foi gestando este escândalo do futebol português.
Foto: Abril 2012
7. A Geração de Ouro
A Geração de Ouro do futebol português foi a Seleção Portuguesa sub-20 que lograram ganhar dois Campeonatos do Mundo consecutivamente, nos anos 1989 e 1991, treinados por Carlos Queiroz, que mais tarde seria treinador da Seleção absoluta. Muitos destes jogadores terminaram por jogar num grande clube europeu, como Luís Figo, Rui Costa ou Fernando Couto. A Bola de Ouro do Mundial sub-20 disputado em Portugal em 1991 foi para Emílio Peixe, quem mais tarde jogaria em Espanha, no Sevilla FC. Esta Seleção rompeu com a negatividade dos portugueses, que começaram a ter grandes esperanças nesta grande jovem equipa ganhadora.
No dia 30 de junho de 1991, no antigo Estádio da Luz de Lisboa, a Seleção Portuguesa ganhava frente ao Brasil o Campeonato do Mundo sub-20 por segunda vez consecutiva. Por esta Geração de Ouro do futebol português passaram um total de 34 futebolistas e 15 deles vestiram a camisola da equipa principal.

Para além dos resultados desportivos, esta Geração de Ouro foi muito simbolica em Portugal pelo grande positivismo criado em torno a estes putos, o chamado nacionalismo eufórico. Desde o Mundial de 66, nenhum evento desportivo generou tanta euforia em Portugal como o Mundial de França de 1998 e o Euro 2000, precisamente pelos jogadores que vinham desta Geração de Ouro.
Fernando Couto com 110 internacionalizações, Rui Costa com 94, João Vieira Pinto com 81, Paulo Sousa com 51 e Jorge Costa com 50 foram os putos da Geração de Ouro que mais vezes vestiram a camisola principal das quinas, a realizar um bom papel até o Euro do 2004. Luís Figo liderou aquela Seleção Portuguesa que leva honradamente o nome do país por todo o mundo. Com uma série de bons resultádos, a euforia cresce em Portugal com uma equipa que demonstra unidade e carater, e os jornalistas da época começam a falar do “espítito de seleção nacional”, que quebram por completo as disidencias que existiram dentro da seleção.
8. Luís Figo
Nasceu em Lisboa o 4 de novembro de 1972 e começou a jogar a futebol numa equipa de bairro, “Os Pastilhas” até que assinou pelo Sporting Clube de Portugal. Jogou nos “leões” durante seis anos, onde ganhou uma Taça de Portugal e uma Supertaça de Portugal (1995). Assinou pelo Barcelona em 1995 onde jogou durante 5 épocas, marcando 45 golos.
Em 2000 assina pelo rival, o Real Madrid, criando uma grande polémica entre os adeptos do FC Barcelona. Foi outro candidato a presidente, neste caso do Real Madrid, Florentino Pérez quem ofereceu uma grande quantidade de dinheiro para pagar a cláusula e conseguir a transferência deste jogador (60 milhões de euros). Depois de muitas reuniões, polêmicas com a imprensa devido à transferência para a equipa rival e muitas dúvidas por parte do jogador após receber muitas ameaças de morte por parte de adeptos “culés”, Figo assinou pelo Real Madrid.

Nesta primeira época no Real Madrid ganhou a Liga Espanhola, jogando 34 jogos, marcando nove golos e assistindo 17 vezes. Além disso, nesta época (2000/01) foi eleito Bola de Ouro, sendo o segundo português em consegui-la depois de Eusébio, e aos quais anos mais tarde sumaria-se Cristiano Ronaldo, do qual falaremos mais à frente. Depois de cinco anos no clube “merengue” vai para o Inter de Milão, onde joga durante quatro épocas e finalmente aposenta-se em 2009.
Vestiu a camisola das quinas 127 vezes, sendo o português com mais internacionalizações. Membro da conhecida “Geração de Ouro” (vid. ponto 7), ganhou o Campeonato sub-20 e representou a Portugal no Euro 1996, Euro 2000, Campeonato do Mundo 2002, Euro 2004 e no Campeonato do Mundo 2006. Marcou 32 golos como jogador da Seleção e protagonizou vários dos momentos mais importantes da Seleção, como a final do Euro 2004 e as meias-finais do Campeonato do Mundo de Alemanha de 2006.

A 25 de janeiro de 2015, Luís Figo apresentou a sua candidatura para ser presidente da FIFA, mas finalmente desiste em maio. Dias depois apareceram casos de corrupção com dirigentes da FIFA, que foram detidos, o qual não surpreendeu ao português porque foi um dos motivos que o levaram a desistir da candidatura.
Sabia que...
...na transferência do FC Barcelona ao Real Madrid também participou o omnipotente Paulo Futre, que foi o intermediário entre Florentino Pérez e Luís Figo. No último dia de eleições, Luís Figo afirmava que nunca iria para o Real Madrid, devido a que a sua família recebeu ameaças de morte. Paulo Futre teve de viajar até a Sardenha, Itália, onde Luís Figo estava de férias com a família, e foi ele quem convenceu o seu compatriota para que assinasse com o clube da capital espanhola.
... aparece no filme português "Second Life" como ator secundário.
9. José Mourinho
José Mário dos Santos Mourinho Félix nasceu na localidade de Setúbal o 26 de janeiro de 1963. Foi eleito em 2011 como melhor treinador do mundo pela FIFA e é considerado o melhor treinador português da história. Atualmente, treina o Chelsea inglês, sendo o seu segundo período neste clube.
Mourinho começou a sua carreira como preparador físico e adjunto, no Estrela Amadora e no Vitória de Setúbal. Começa a trabalhar com o técnico inglês Bobby Robson no Sporting Clube de Portugal como tradutor – ganha esta alcunha- e como adjunto. Com o inglês vai para o FC Porto e mais tarde para o FC Barcelona. Robson decide treinar ao PSV, mas Mourinho fica com Louis Van Gaal no Barcelona, tornando-se um grande conhecedor do futebol espanhol.

Em 2000 tem a oportunidade de treinar ao Benfica, mas o período no Estádio da Luz foi curto devido a eleições na presidência do clube, e apenas esteve nove jogos à frente da equipa. Após uma época no União de Leiria, José Mourinho vai para o Futebol Clube do Porto, onde torna-se um dos melhores treinadores do momento.
Em 2003, o FC Porto de José Mourinho vence a liga portuguesa e a Taça de Portugal e conquista a Taça UEFA. Na época seguinte, José Mourinho consegue vencer de novo a liga portuguesa e consegue um facto que ficou na história do clube e do futebol português ao ganhar a Taça dos Campeões da Europa, após ganhar a final 3-0 ao Mónaco.
Depois deste grande facto, Mourinho era um treinador cobiçado pelos grandes clubes europeus. Em 2004 começa o seu primeiro período no Chelsea, onde conquista duas ligas inglesas e várias taças. Em 2008 vai para o futebol italiano, a mudar o Chelsea pelo Inter de Milão. Neste clube ganha duas ligas italianas, uma taça e supertaça e volta a ganhar a Taça dos Campeões Europeus, sendo este o seu terceiro grande título europeu.

Foi na época 2010-2011 quando José Mourinho volta ao futebol espanhol, mas neste caso no rival do FC Barcelona, o Real Madrid. O clube espanhol tenta quebrar a hegemonia do FC Barcelona de Pep Guardiola em Espanha e ganhar a 10ª Taça dos Campeões da sua história, e por isso escolhem a este grande treinador com grande experiência na Europa. No primeiro ano de Mourinho em Espanha, consegue ganhar a Copa del Rey, não sendo suficiente para alguns adeptos. Contudo, Mourinho continua no Real Madrid e na época seguinte ganha a liga espanhola. Depois dum ano em branco (2012-2013), Mourinho sai dum clube muito exigente, ficando no coração dalguns adeptos, e ganhando o ódio de muitos outros, nomeadamente jornalistas, pela sua forma de ser. Atualmente, no primeiro ano deste novo período no Chelsea, ganhou a liga inglesa novamente.
Sabia que...
... José Mourinho tem a alcunha de “The Special One”. A televisão portuguesa SIC lançou em 2013 uma série de desenhos animados chamada “Mourinho and the Special Ones”, onde aparece o português a treinar a um grupo de jovens. Atualmente, é uma figura popularíssima em Portugal, protagonizando anúncios e/ou notícias informativas com relativa frequência.
10. Euro 2004
A 12 de outubro de 1999, toda a Europa é sabedora de que Portugal será a encarregada de organizar o Euro 2004. Para este campeonato europeu foram construídos seis estádios, e outros quatro foram remodelados, com um total de dez estádios nas oito cidades anfitriãs de Portugal, para albergar a mais de 375 mil espetadores, e com um custo de 665 milhões de euros. Convém resenhar a grandiosidade dos estádios construídos. Para além da modernidade e o luxo de estádios como o da Luz (Lisboa) ou do Dragão (Porto), a joia da coroa foi mesmo o Estádio Municipal de Braga, construído na encosta do Monte Castro. O país luso recebia por primeira vez um grande campeonato europeu desta grandiosidade.


A 12 de junho de 2004 o Euro de Portugal começou com o jogo inaugural que enfrentava à seleção anfitriã e a Grécia no Estádio do Dragão da cidade do Porto. A Seleção Portuguesa perdeu 1-2 neste primeiro jogo, com golo de Cristiano Ronaldo, jogador de que falaremos no seguinte ponto. Finalmente, a Seleção conseguiu ganhar os dois jogos restantes do seu grupo, contra as seleções de Rússia e Espanha, e passar como primeiro de grupo para os quartos-de-final contra Inglaterra. Depois dum grande jogo e um empate a dois, Portugal ganhava nas grandes penalidades e passava às meias-finais contra Holanda. A 30 de junho, Portugal passava à final da sua competição e à história, após ganhar a seleção holandesa no Estádio José Alvalade de Lisboa. Infelizmente, esta final foi perdida por 0-1 contra Grécia o 4 de julho no Estádio da Luz, ficando segunda classificada.

Para além do grande campeonato realizado pela Seleção Portuguesa, este Euro 2004 foi muito mais que um mero espetáculo desportivo. Portugal tornou-se o epicentro da ilusão e paixão por umas cores, as cores da bandeira portuguesa. Um grande sentimento nacional surgiu com esta seleção e com a organização do Euro no país luso, tornando-se um dos momentos mais importantes da história do futebol português. Atrás ficam as disputas entre as cidades de Porto e Lisboa, que ao longo da história separaram à equipa nacional, e todos os portugueses remam na mesma direção com grande sentimentalismo. O começo desta união tem lugar no Mundial de 86, onde disputas entre o plantel e a federação fazem com que a equipa esteja unida, a esquecer as histórias polêmicas entre seleções de Lisboa e Porto. Aliás, o Euro 2004 de Portugal foi escolhido como o melhor campeonato da Europa de sempre e ainda hoje não foi ultrapassado.
Sabia que...
... na vitória da Seleção Portuguesa contra Inglaterra nos quartos-de-final do Euro 2004, David Beckham falhou uma grande penalidade que ficou na história, lançando a bola a muita distancia da baliza que defendia Ricardo. Esta bola foi apanhada por um adepto espanhol que ficava na bancada e foi vendida por 28.050 euros.
... este evento desportivo criou uma grande exaltação nacional identitária, onde os prédios ficaram cheios de bandeiras portuguesas e vários livros podem constatar estes factos.

11. Cristiano Ronaldo
Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro nasceu em Santo António (Funchal) a 5 de fevereiro de 1985. Na atualidade é considerado o melhor jogador do mundo e é o capitão da Seleção Portuguesa. Além disso, é o terceiro português em ganhar a Bola de Ouro, depois de Eusébio e Luís Figo, e o português que mais vezes ganhou este troféu, a ganhá-la um total de três vezes, a última este mesmo ano.
Cristiano Ronaldo começou a jogar ao futebol aos oito anos numa humilde equipa da sua localidade natal e em 1995 assina pelo Nacional. Dois anos mais tarde dá o salto e assina por um dos três grandes clubes portugueses, o Sporting Clube de Portugal. Com quinze anos de idade, Cristiano Ronaldo tem de ser operado ao coração por um problema que o podia obrigar a deixar o futebol. Finalmente, Ronaldo é operado com sucesso e volta aos treinos vários dias depois.


Depois de várias épocas, Cristiano chega ao plantel principal do Sporting, onde começa a brilhar no futebol português. Deste clube português saíram grandes extremos como Paulo Futre ou Figo, e começa a falar-se de mais um grande extremo sportinguista. Na inauguração do novo Estádio José de Alvalade em 2003, chama a atenção de Sir Alex Ferguson, treinador do Manchester United, que contrata o Ronaldo esse mesmo verão.
O jovem Ronaldo fica no futebol inglês durante seis épocas, conquistando vários títulos como a Liga dos Campeões e a ganhar a sua primeira Bola de Ouro em 2008. Da mão do Ferguson, torna-se um dos melhores jogadores do mundo. É quando chama a atenção dos melhores clubes do mundo, e assina pelo Real Madrid em 2009, por uma transferência de 94 milhões de euros, sendo a contratação mais cara até o momento.
Em Espanha, torna-se um ídolo para os adeptos, sendo o segundo melhor marcador de sempre do Real Madrid com 313 golos. Os seus golos ajudam ao Real Madrid a ganhar a décima Liga dos Campeões da história do clube, a segunda do Cristiano Ronaldo. Devido ao seu grande estado de forma durante estes anos, o craque português ganhou mais duas Bolas de Ouro, sendo na atualidade considerado o melhor jogador do mundo.


Como já foi mencionado, é o capitão de Portugal, com 119 internacionalizações e 52 golos anotados com a Seleção das Quinas. Junto com Eusébio, na atualidade é considerado um símbolo nacional, já que leva o nome do Portugal por todo o mundo. O jogador ganhou quase tudo a nível de equipa e a nível individual, mas assegura que “eu só serei plenamente satisfeito com minha carreira, quando eu levantar um troféu com Portugal”, demostrando um grande amor ao seu país. Em todos os seus discursos ao nível internacional, menciona o nome de Portugal ou aos portugueses. Aliás, apesar de dominar o inglês, realizou os seus disscursos após ganhar as Bolas de Ouro em português, mencionando o Eusébio e os colegas da seleção. Por isso, embora esteja a jogar no estrangeiro durante muitos anos, Cristiano Ronaldo é o ídolo de todos os portugueses e é o ícone do futebol português a nível mundial.
